10/12/2010 

Dar um valente pontapé no balde

Se fosse pago por cada vez que sinto labaredas no peito e venho aqui escrever, estaria rico... Ou queimado.

Falta de sensibilidade e respeito é capaz de ser das coisas mais abomináveis que conheço.

Porque estou a mostrar-me condescendente com a ignorância alheia?
Porque tenho servido de balde do lixo emocional? Onde se descarrega ansiedades e idealismos juvenis... No way!

Chega de tudo. Chega de merdas, estou cansado de falta de inteligência madura e com pés e cabeça. Estou cansado de time-wasters!

Obrigado por quebrares - mais uma vez - a minha noção de uma relação harmoniosa e pela qual vale a pena lutar. Lutar, preservar, manter, para quê?

"Dar um valente pontapé no balde" é o nome do próximo filme no qual sou o actor principal.
Rodagem internacional com casting multicultural, muito trabalho e intoxicação!

Over and out!

2/23/2008 

Escrita

Tenho de admitir que há algo na escrita que preservo como um sentimento de escape interior em relação ao que me oprime ou magoa.

Como se a escrita fosse o ponto-de-partida após a desilusão ou mágoa.

Um dia hei-de escrever algo maior, "O Livro", o tal que aos poucos nasce dentro de mim sem eu saber onde ele está. E o que me assusta neste pensamento é não saber se o vou conseguir escrever com ou sem o impulso do desgosto e da natureza da desgraça.
Quem sabe o resultado não é precisamente uma ode à natureza dual e repetitiva do ser humano?

Livros, palavras, revistas, bibliotecas, silêncio, paz, hermetismo, obscurantismo, desgraça... São coisas que me atraem profundamente. Porquê? Será o conforto da solidão? A antecipação de um futuro incerto? A grandiosidade do mundo interior e das ideias?

Estou contente por estar de volta a este diário absurdo.

 

The Pen is Mightier than the Sword

Não acredito em pessoas iluminadas ou com dons divinos, mas acredito na verdade.
Acredito de um modo muito pessoal que podemos todos ser melhores pessoas e acima de tudo mais sinceros connosco próprios.
Não é fácil mantermo-nos irrevogavelmente em verdade.
Primeiro é necessário entendermo-nos. A um nível pessoal e íntimo, e isto é um processo de vida, e depois a um nível colectivo.

Quando penso na verdade - enquanto conceito/manifestação - penso também em leveza, liberdade (daquela equilibrada, pouca espalhafatosa) e em concentração.
Acho que palavras e actos devem andar de mãos dadas. O importante é medir o grau de acção mais do que o verbal, porque dizer e falar é um bocado um acto de construção e de fumentar vontade de acreditar. Se falar for mais do que isso é dispensável e inútil.
Mas depois de acreditar é preciso agir, é preciso ser.
E basta ser corajoso para ser feliz.

Às vezes penso sobre a origem da dor e da angústia. De todos os sentimentos que levam as pessoas a agir de forma não-pensada, não concentrada, de não verdade.
A sensação que tenho é que a dor está intimamente ligada com o esquecimento e com o medo. Como se se tratasse de um mecanismo interno - ou talvez global - que transmitisse um aviso ao emissor dizendo-lhe algo como "olha, esqueceste-te daquela promessa que tinhas feito." ou "atenção: estás a entrar numa espiral de possível engano". E então a dor aparece como consequência desse esquecimento.
Porque à partida, ao nível de ADN é como se já tivessemos uma vida toda projectada e traçada à nossa frente. É uma questão de a aceitar ou querer melhor para nós mesmos. E se formos construindo algo melhor do que nos está predestinado, vai-se subindo na cadeia de auto-inteligência ou de sofisticação da vida. Penso que depois é quase inevitável a pessoa esbarrar-se com o conceito de verdade e a humildade e força que esta contém.

As palavras, o falar e os sentimentos que estas carregam são chaves para chegar ao outro. Podem ferir como uma faca, ou podem ir directas à alma e provocar mudanças.
A escolha é pessoal e intransmissível.
Não custa absolutamente nada viver a vida de uma forma construtiva e trabalhar o bem-estar e boa disposição à nossa volta.
Complicações, desgostos e azares são como especiarias arrastadas pelo vento às quais podemos dar importânia ou simplesmente investir tempo, esforço e ideias em algo maior: como ser verdadeiro, e simplesmente estar bem e em paz consigo mesmo. That's all it matters.